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28 de fevereiro de 2012

Um Soneto de Vinicius...Uma música de Paul e Eu ....


Hoje é um dia especial, dia de comemorar mais um ano de vida. Esta semana pensei em várias coisas que aconteceram no decorrer da minha vida, nas coisas boas e ruins, em tudo que aprendi e no que desaprendi, nos momentos que tive e tenho desde quando acordo até quando vou dormir todos os dias. Fiz algumas brincadeiras com a frase “ficando velha” realmente essa palavra “velha” me assusta um pouco, mas logo passa quando lembro de como sou jovem de coração. Então prefiro substituir essa palavra pela palavra experiente, é exatamente como me sinto cada ano que faço aniversário...Mais experiente.
A parte que eu mais gosto desse dia são dos mimos. Não falo de presentes coisas materiais, falo do carinho que recebo das pessoas que de alguma forma gostam e se lembram de mim por algum motivo e demonstram isso através de gestos e palavras essa parte é a que mais gosto além de bolo com recheio de doce de leite...rs

Escolhi um soneto do Vinicius de Moraes, aliás, acredito que ele escreveu para mim, exatamente para dia de hoje, não foi para o ano passado, nem retrasado e nem em um outro momento que não fosse hoje. E também passeando pela Internet achei uma interpretração deste soneto que particularmente gostei muito. Então eu me dedico para o dia de hoje...
Soneto de Aniversário - Extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 451.

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

(Rio, 1942)

Interpretação que eu gostei muito...

A interpretação deve começar pelo título: trata-se de um aniversário, momento de natural reflexão sobre a vida e, obviamente, sobre o processo de maturidade, envelhecimento, daí as observações e conjeturas do autor.

Na primeira estrofe, ele considera que a vida, num torvelinho incessante, tal qual as águas da corrente de um rio, passam, inclementemente, sempre intercalando alegrias e tristezas, contentamentos e dissabores (...dividida entre compensações e desenganos.)

Na segunda, Vinicius analisa que, embora a carne, a pele humana, e, por consequência, a aparência jovem se mostre corrompida com o correr do tempo, em que nós tomamos consciência de que estamos mais perdendo que ganhando, no balanço do cotidiano, ainda assim deva prevalecer o desenvolvimento de uma existência digna, meticulosa, tranquila e certeira, ao invés do advento de grandes arroubos espetaculares.

Porque a regularidade vivencial, num processo gradativo de amadurecimento, sem dúvida, é mais proveitosa, em uma trajetória, que uma ascensão vertiginosa sem a precedente preparação.

Outrossim, na terceira estrofe, ele nos adverte que é preferível obter-se contentamento (ventura) que ficar arriscando a esmo (aventura), num trocadilho em que valoriza as pequenas, porém conhecidas alegrias do
dia a dia, em relação a incertas proezas, que podem trazer bons resultados ou não, gerando, talvez, mais aflição que paz na alma.

Finalmente, na quarta e última estrofe, ele aconselha à amiga aniversariante que use o "elixir do esquecimento", para não se preocupar com todo este processo natural de "passagem pela vida". Que o importante de toda história é vivenciá-la empregando, recebendo e distribuindo um grande sentimento amoroso, que assim, em contrapartida, ele sentirá o envelhecimento de todas as coisas, mas permanecerá sempre jovem em sua capacidade de amar e de produzir bens a todos.

Salve grande Vinicius de Moraes, obrigada pelas receitas de amor inesquecíveis!...

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Agora só falta ele cantar pra mim...hahaha





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